Brasil deixa o Mapa da Fome

 Brasil deixa o Mapa da Fome

Brasil está oficialmente fora do Mapa da Fome. O anúncio foi feito nesta segunda-feira, 28 de julho, pela Organização das Nações Unidas (ONU) para a Alimentação e a Agricultura (FAO), durante a 2ª Cúpula de Sistemas Alimentares da ONU, realizada em Adis Abeba, na Etiópia. O dado consta no relatório O Estado da Segurança Alimentar e Nutricional no Mundo 2025 (SOFI 2025) e leva em consideração a média do triênio 2022–2024.

Segundo o relatório, o país tem, atualmente, menos de 2,5% da população em situação de subnutrição ou com acesso insuficiente à alimentação. O índice representa uma mudança significativa em relação ao cenário crítico de 2022, quando mais de 33 milhões de brasileiros enfrentavam a fome.

A rápida superação da insegurança alimentar grave, em apenas dois anos, foi possível graças a uma combinação de políticas públicas voltadas para a redução da pobreza, como o Bolsa Família e o fortalecimento da alimentação escolar por meio do Programa Nacional de Alimentação Escolar (Pnae), além do estímulo à geração de emprego e renda.

O Pnae é uma política do Ministério da Educação (MEC) gerida pelo Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE) e foi um dos pilares dessa transformação. Responsável por garantir merenda de qualidade para mais de 40 milhões de estudantes da educação básica pública em todo o Brasil, o programa recebeu reforços significativos desde 2023.

Entre as medidas implementadas estão o maior reajuste de valores em mais de uma década — com aumento de até 39% nos repasses. A Lei do Pnae (Lei nº 11.947/2009) determina que no mínimo 30% das compras efetuadas pelos entes federados com recursos do programa sejam de alimentos oriundos da agricultura familiar. Dentro desse percentual, o MEC passou a dar prioridade para produções de povos indígenas, quilombolas, assentamentos de reforma agrária e grupos de mulheres.

O programa também intensificou as ações de educação alimentar nas escolas: 80% dos recursos deverão ser destinados à aquisição de alimentos in natura ou minimamente processados em 2025 — esse número subirá para 85% em 2026. O limite de alimentos processados e ultraprocessados no cardápio das escolas públicas reduzirá para 15% em 2025, e para 10% em 2026.

O investimento anual no programa ultrapassa os R$ 5,5 bilhões, contribuindo para o fortalecimento da economia local, a valorização da agricultura familiar e a formação de hábitos saudáveis desde a primeira infância.

É a segunda vez que o Brasil sai do Mapa da Fome — a primeira ocorreu em 2014, também por meio de políticas integradas de combate à pobreza e à insegurança alimentar. A nova conquista reforça a importância de manter e fortalecer políticas de Estado estruturantes, como o Pnae, para garantir o direito à alimentação e à educação de qualidade para todas as crianças e adolescentes.

Diogo Cavazotti Aires

Diogo Cavazotti Aires

dcavazotti@gmail.com / Jornalista há mais de 20 anos, com experiência em jornal, TV, revista, internet e assessoria de imprensa. Único jornalista brasileiro a ganhar uma bolsa de investigação da Corte Interamericana de Direitos Humanos. Ganhou diferentes prêmios, como o Troféu Sangue Bom do Jornalismo Paranaense (quatro vezes), o Prêmio Ocepar de Jornalismo e o Prêmio Top Inovação na categoria direitos humanos. Doutor em Educação e mestre em Direitos Humanos e Direito Internacional Humanitário.

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