Agentes setoriais têm até novembro para apresentar propostas para redução de gases de efeito estufa no Brasil

 Agentes setoriais têm até novembro para apresentar propostas para redução de gases de efeito estufa no Brasil

Prazo a ser cumprido por setores como o da construção civil está previsto em decreto que regulamenta mercado de baixo carbono

Agentes setoriais brasileiros têm até novembro para apresentar proposições para o estabelecimento de curvas de redução de emissões de gases de efeito estufa, conforme previsto no decreto federal que regulamenta o mercado de baixo carbono no país (Decreto nº 11.075, de 19 de maio de 2022). Entre os segmentos econômicos obrigados a indicar medidas de mitigação das mudanças climáticas está o da indústria da construção civil. Neste mês de agosto, a Confederação Nacional da Indústria (CNI) reuniu especialistas nacionais e internacionais em São Paulo para debater a agenda climática e as estratégias do setor industrial para alcançar as metas de redução de emissões estabelecidas no Acordo de Paris, assim como oportunidades de negócios para a descarbonização da indústria brasileira.

Dirigentes da CNI defendem que a regulação do mercado de carbono no Brasil ocorra por ummecanismo denominado cap and trade. Nesse modelo, uma empresa com volume de emissões de gases de efeito estufa inferior ao autorizado poderia vender o excedente. Mesmo antes de as regras desse mercado ficarem mais claras, algumas iniciativas voluntárias começam a colocar o país no rumo do cumprimento do pacto.

Recentemente, o BNDES anunciou sua primeira compra de créditos de carbono. A maior parte foi aplicada em projetos de conservação de florestas. Conhecida pela sigla REDD+, essa modalidade é a principal fonte de créditos de carbono no Brasil atualmente. Esse e outros instrumentos são alternativas que os setores econômicos têm para alcançar as metas do Acordo de Paris. Até 2025 o Brasil se comprometeu a reduzir as emissões de gás carbônico em 37% em relação às emissões de 2005. Depois, a meta é chegar a 50% até 2030; e 100% até 2050.

De acordo com o decreto que regulamenta o mercado de carbono, devem apresentar planos setoriais de mitigação e de adaptação às mudanças climáticas os seguintes segmentos: geração e distribuição de energia elétrica; transporte público urbano e sistemas modais de transporte interestadual de cargas e passageiros; indústria de transformação e de bens de consumo duráveis; indústrias químicas fina e de base; indústria de papel e celulose; mineração; indústria da construção civil; e serviços de saúde e na agropecuária.

Pioneirismo

Na construção civil, uma iniciativa pioneira coloca o Paraná na liderança do movimento de descarbonização. Curitiba foi escolhida para receber o primeiro edifício residencial carbono zero do Brasil. Isso significa que 100% das 2.640 toneladas de CO2 emitidas na fase de construção do empreendimento serão compensadas. A experiência é parte dos atributos de sustentabilidade do edifício multirresidencial Árten, projeto que reúne as empresas Altma, HIEX e RAC Engenharia.

A mitigação do impacto ambiental está sendo executada por meio de investimentos para a manutenção dos estoques de carbono presentes na Reserva Natural das Águas, de propriedade da Sociedade de Pesquisa em Vida Selvagem e Educação (SPVS), localizada em Antonina, no Litoral Norte do Paraná. Na área fica o maior remanescente contínuo do bioma Mata Atlântica, a Grande Reserva Mata Atlântica.

Para o diretor de Desenvolvimento Imobiliário da Altma Incorporadora, engenheiro civil Gabriel Falavina, mais do que oferecer um produto diferenciado ao mercado consumidor, as soluções pioneiras adotadas no Árten são um incentivo para o mercado imobiliário. O segmento da construção civil é um dos mais cobrados a adotar medidas de mitigação de impacto ambiental. “Nossa empresa tem o olhar voltado às experiências que podem servir de modelo, ao mesmo tempo em que começa a sentir o peso da responsabilidade por ser, ela própria, referência em algumas práticas ambientais”, afirma Falavina.

O engenheiro defende práticas globais de sustentabilidade no setor. “Não podemos ficar restritos a soluções inovadoras em cada empreendimento. Precisamos ter a mesma postura em todas as etapas do processo”, ressalta. “Somos prestadores de serviço quando vendemos um apartamento, mas também somos consumidores responsáveis por escolher um fornecedor consciente social e ambientalmente.”

A coordenadora do setor de Sustentabilidade Corporativa do Grupo RAC, Júlia Berticelli Basso, diz que as soluções ambientalmente responsáveis têm se convertido em ativo comercial relevante. “É nítida a tendência de valorização comercial de empreendimentos que incorporam essas práticas”, afirma. Segundo ela, em torno de 20% dos clientes reportam ter chegado ao Árten devido à identificação com as características de sustentabilidade do edifício. “Ficamos seguros de investir em responsabilidade ambiental quando percebemos que o consumidor valoriza e deseja ocupar moradias sustentáveis, que proporcionem maior bem-estar e que contribuam para um mundo mais harmônico.”

Green building

Em construção na Rua Dias da Rocha Filho, 239, no Alto da XV, o Residencial Árten combina sustentabilidade e tecnologia, tudo dentro de um conceito arquitetônico que preza pelo conforto. O prédio terá painéis fotovoltaicos para captação de energia solar, sistema de reuso de água e Ecoclick, para o desligamento remoto de luzes e aparelhos eletrônicos. A economia gerada com as tecnologias empregadas no projeto será calculada e exibida em painéis de controle de consumo ou dashboards, instalados nos elevadores.

O empreendimento terá, ainda, central de compartilhamento de bicicletas (bike sharing), equipada com bicicletas elétricas, além de infraestrutura para carregamento de veículos elétricos em todas as vagas de garagem do edifício. A alta tecnologia está também nos recursos de automação personalizada por comando de voz ou acionamento remoto por aplicativos para smartphones, que vão facilitar a vida dos futuros moradores do Árten. Os apartamentos terão persianas automatizadas nas janelas dos quartos, fechaduras biométricas e tomadas USB. O projeto inclui infraestrutura para a automação, sendo que a preparação e implantação dos recursos de inteligência artificial disponíveis no mercado, como a Alexa, pode ser feita já na planta.

Cesar Franco

Cesar Franco

Colunista da Revista Dimensão.

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