Medicina nuclear utiliza tecnologia de precisão no diagnóstico e tratamento do câncer

 Medicina nuclear utiliza tecnologia de precisão no diagnóstico e tratamento do câncer

A medicina nuclear é uma especialidade médica que utiliza pequenas quantidades de materiais radioativos para diagnosticar e tratar doenças, especialmente o câncer, com grande precisão. Diferentemente dos exames de imagem convencionais, que mostram a anatomia do corpo, essa técnica revela como órgãos e tecidos estão funcionando em nível molecular, permitindo identificar tumores em estágios iniciais e metástases antes que sejam detectáveis por outros métodos.

No Brasil, essa tecnologia tem ganhado destaque no combate ao câncer. Exames como o PET-CT e terapias com radiofármacos estão revolucionando a detecção precoce e o combate à doença. O termo “nuclear” refere-se ao núcleo instável dos átomos usados nos exames. Na prática, esses radiofármacos se ligam a moléculas específicas, como a glicose, e revelam tumores com precisão inédita. “O PET-CT, por exemplo, identifica lesões menores que 1 cm, algo de difícil diferenciação (entre benigno X maligno) para métodos convencionais”, afirma Dr. Carlos Cunha, médico nuclear e um dos fundadores da Quanta Diagnóstico por Imagem, de Curitiba.

Além do diagnóstico, a especialidade também se destaca no tratamento. O iodo radioativo, usado contra câncer de tireoide, e o Pluvicto, terapia inovadora para câncer de próstata metastático, são exemplos de como a medicina nuclear atua com precisão. “O iodo age como se fosse uma ‘microbomba’ dentro da célula cancerosa. Ela o absorve, e a radiação a destrói sem afetar órgãos saudáveis”, explica o Dr. Cunha. Já o Pluvicto combina um fármaco que busca especificamente as células do tumor de próstata com um isótopo radioativo que as elimina. “É como enviar um ‘carrinho inteligente’ que entrega a radiação exatamente onde é necessário”, compara.

Apesar dos benefícios, o acesso ainda é um desafio. “Equipamentos como o PET-CT chegaram ao Brasil tardiamente em comparação com países como os EUA, e os custos elevados limitam sua disponibilidade no Sistema Único de Saúde”, pondera o médico.

Diogo Cavazotti Aires

Diogo Cavazotti Aires

dcavazotti@gmail.com / Jornalista há mais de 20 anos, com experiência em jornal, TV, revista, internet e assessoria de imprensa. Único jornalista brasileiro a ganhar uma bolsa de investigação da Corte Interamericana de Direitos Humanos. Ganhou diferentes prêmios, como o Troféu Sangue Bom do Jornalismo Paranaense (quatro vezes), o Prêmio Ocepar de Jornalismo e o Prêmio Top Inovação na categoria direitos humanos.

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